Entrevista David French - Sinduscom

Cuidar do meio ambiente é responsabilidade de todos

Escrito em 11/05/2015
David E. French, presidente da David French & Associates LLC
O norte-americano David E. French possui MBA em Finanças Internacionais, é professor adjunto de Administração na Universidade Loyola Marymount e professor adjunto de Administração e de Finanças na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Atualmente reside em Los Angeles e preside a David French & Associates LLC, empresa voltada para a Gestão Executiva e Estratégia Internacional. É conselheiro estratégico do programa Brasil Mata Viva.

No período de 18 a 20 de fevereiro ele veio ao Brasil atendendo convite do Sinduscon-GO para participar de uma série de reuniões em Goiânia e Brasília, visando informar sobre as possibilidades de utilização das Unidades de Crédito de Sustentabilidade (UCS), originárias do Programa Brasil Mata Viva (BMV).

Confira a seguir a entrevista exclusiva que ele concedeu para a Construir Mais.

QUAL sua visão sobre a consciência da população mundial e do Brasil sobre o desmatamento e danos ao meio ambiente, como nascentes, FAUNA, FLORA, Etc.?

A consciência destas questões existe em grande parte do planeta, mas a consciência deve ser intensificada e tornar-se mais impactante para muito mais pessoas. Nós também precisamos dar soluções e não simplesmente consciência.

As soluções precisam ser práticas e relativamente fáceis de adotar.

Sendo que os recursos naturais são finitos, qual o papel da proteção do patrimônio ambiental para a perpetuação e o desenvolvimento das sociedades?

É certamente verdadeiro que todos os recursos são finitos e que o papel de proteger o patrimônio ambiental é responsabilidade de todo mundo. Diferentes recursos têm um impacto mais direto que outros. Danificar nossas florestas e fontes de água tem impacto imediato em nossas vidas e sociedades. O governo fornece regulações e fiscalização; os negócios devem trabalhar em maneiras criativas e em harmonia com o meio ambiente e os cidadãos devem ser mais cuidadosos em como suas escolhas afetam o meio ambiente. É responsabilidade de todos. Nós muitas vezes esperamos que outros solucionem estas questões ou simplesmente pensamos que isto não é meu problema, mas isto não poderia ser mais incorreto. Como não ter ar ou água pode não ser problema de todo mundo?

O mundo tem voltado seu olhar para o brasil por causa de suas riquezas naturais e culturais. Em sua opinião, o que o Brasil pode fazer para tornar efetiva a proteção destas riquezas?

Precisamos ter mais clareza que nós devemos encorajar negócios que sejam mais conscientes ecologicamente e socialmente, bem como investidores que assim sejam, e tornar mais fácil para que eles desenvolvam coisas aqui e desencorajar essas indústrias e esses investidores que não compartilhem destes valores. Eu acredito que a melhor maneira de fazer isto é desenvolvendo leis fortes e justas para proteger o meio ambiente e garantir que existam recursos suficientes dedicados à sua aplicação. Segundo, nós precisamos de iniciativas para encorajar empresas e investidores a abraçar nossos ideais. É aí que o BMV é tão importante para o futuro do Brasil e do nosso planeta. Este sistema fornece esta plataforma – é um passo muito importante na direção certa.

Qual sua visão sobre o programa brasil mata viva (BMV), projeto que incentiva a proteção do patrimônio natural e cultural por meio da conservação e recuperação da vegetação nativa e os ativos biológicos, preconizando a proteção de florestas, implantação de unidades de beneficiamento de produtos rurais e ações sociais na comunidade local?

O trabalho inicial do BMV tem sido acerca de desenvolver créditos de sustentabilidade como uma compensação de tributos para conseguir fundos de preservação e recomposição de florestas. Este é um começo incrível e o trabalho que eles fizeram é tremendo. O futuro, para mim, envolve desenvolver este programa em um padrão internacional, sistemas internacionais, e uma plataforma global para investimento e desenvolvimento.

Quando de sua vinda ao Brasil para participar do lançamento do Selo Vila Boa de Sustentabilidade, no último dia 30 de dezembro, na Cidade de Goiás, o senhor afirmou que os investimentos atraídos pela comercialização das unidades de crédito de sustentabilidade (UCS) deveriam também ser aplicados em educação, tecnologia e desenvolvimento da região. Explique de que forma isso ocorrerá?

Quando falo em educação, me refiro a aumentar a consciência tanto dos problemas ambientais quanto dos Programas BMV. As partes de tecnologia e investimento estão conectadas diretamente com os próprios créditos e nossas plataformas de investimentos. Parte de nossa missão é desenvolver e financiar projetos que sejam sustentáveis tanto da perspectiva ambiental quanto econômica.

É muito importante para nós que investimentos avançados em tecnologia aqui no Brasil nos deem ambos objetivos.

Está sendo estruturada internacionalmente a primeira plataforma especializada na transação de ativos de sustentabilidade. Comente sobre essa iniciativa.

O BMV não é a primeira iniciativa global quanto a práticas sustentáveis ou de preservação do meio ambiente.

Existem outras iniciativas, como o sistema de crédito de carbono e as debêntures verdes. A chave para nós é tentar desenvolver um programa que pegue seus objetivos nobres e aprenda com os erros deles em criar um programa que funcione e atinja objetivos. Portanto, nosso foco em projetos que causem impacto social e ecológico, e sejam economicamente viáveis são critérios muito importantes.

Pessoalmente, eu acredito firmemente que a menos que as iniciativas façam sentido de uma perspectiva econômica, eles não darão certo.

Qual o objetivo de médio e longo prazo?

Você precisa ter uma visão para o futuro que seja alcançável de modo a conseguir qualquer coisa. Portanto, nós focamos em objetivos que sejam atuais, ao longo do médio prazo (1 - 3 anos) e no prazo mais longo (mais de 3 anos) conforme nós criamos planos. Planos de longo prazo, como o desenvolvimento de infraestrutura exigirão tempo para acontecer e para que as comunidades recebam benefícios, mas eles precisam ser iniciados. O objetivo de longo prazo trará impactos como criação de empregos e impactos positivos no meio ambiente.

Qual retorno/benefícios os investidores poderão obter participando deste projeto?

Eles variarão de projeto a projeto, mas é importante entender que nós não estaremos propondo qualquer projeto que não tenha um bom retorno financeiro. Nós sabemos que precisamos ser competitivos no mercado, bem como passar uma boa mensagem. Novamente, nós precisamos que estes negócios se sustentem, então isto significa que eles devem ser lucrativos.

É um investimento seguro? Como o investidor poderá se certificar da aplicação de seus recursos?

Esta é uma pergunta importante, sim. Isto é fundamental. Todos os investidores têm risco, mas espera-se que este risco seja administrado adequadamente. É por isso que nós somos parte da equipe do BMV para garantir que os projetos sejam geridos adequadamente, objetivos sejam alcançados, e que os fundos sejam usados e retornados como esperado. Nós construímos com transparência em todos os níveis. Então seja alguém comprando um crédito ou investindo em uma debênture, nós temos forte visão e participação de gestão.

Quais os próximos passos?

Primeiro, as vendas de créditos começaram. Eles são oferecidos diretamente pelo BMV e por meio de representações dos setores produtivos. Segundo, nós estamos desenvolvendo iniciativas para serem financiadas em nossa plataforma tão cedo quanto julho/agosto deste ano. Finalmente, nós estamos desenvolvendo nossa plataforma para acolher e oferecer uma pluralidade de investimentos internacionais a investidores internacionais.

Quais os principais desafios para alavancar o programa Brasil mata viva mundialmente e no Brasil?

Consciência. Nosso desafio primário é simplesmente dar conhecimento ao mundo acerca do que estamos fazendo e conseguir que eles entendam como eles podem abraçar isto em seus países. Quanto mais consciência pública nós adquirirmos, mais sucesso nós alcançaremos. É por isso que nós somos tão gratos por entrevistas como essas para nos ajudar a informar mais pessoas sobre este programa e seus benefícios.

David E. French,
presidente da David French & Associates LLC