Novas perspectivas da Ética Ambiental

Escrito em 18/02/2014 por Alex J Simiema

No dia 20 de agosto de 2013, o mundo chegou ao limite. Conhecido como Earth Overshoot Day (Dia de Ultrapassagem da Terra), é um dia de nome imponente que não merece qualquer comemoração. Ele representa a estimativa da data em que o mundo atinge a capacidade de absorção de todo o carbono emitido globalmente. Trocando em miúdos, o que for produzido do dia 21 de agosto até o fim do ano ficará acumulado. Estamos, ano a ano, sacando contra o futuro para saldar o déficit ambiental do presente. E isto significa que estamos agravando o problema no futuro.

Se todos os anos acumulamos mais poluição, o potencial de absorção do ano seguinte se reduz e, assim, o tempo fica cada vez menor. Privamos as gerações futuras de sua capacidade de desenvolvimento. Isto é patente pelo recuo anual desta data no calendário. Em 1993, por exemplo, o Overshoot ocorreu em 21 de outubro. Aumentamos a poluição, mas é mais importante entender que reduzimos a capacidade de absorção de carbono do planeta. A derrubada de florestas tropicais, por exemplo, influencia as duas estatísticas.

Tem-se discutido como frear o extermínio da vida no planeta, fala-se de uma ética ambiental que deveria ser adotada pela comunidade global e, principalmente, pelos governos. Pois chegou a hora de encararmos a discussão ambiental como parte fundamental das diversas sociedades que compõem a comunidade global. E a maneira mais sensata de se atingir o objetivo é através da implementação de ações locais, inseridas no contexto global. As sociedades, de cada região, precisam despertar para a causa ambiental, que deve ser abordada tanto de modo horizontal, quanto vertical. Isso não é algo irreal, utópico ou distante do presente; ou alguém ainda duvida da importância da coleta seletiva, por exemplo?

O ser humano dispõe de liberdades fundamentais, como a de preservar a própria vida. Em outras épocas, isso pode ter significado abrir grandes clareiras em matas e bosques para assentamentos, matar animais selvagens para comer (ou evitar ser comido), e até mesmo, realizar grandes queimadas para dispor de terras cultiváveis. Mas, dadas as escalas magníficas em que a humanidade tem atuado, é necessário se repensar o modo como temos vivido.

O astrônomo americano Carl Sagan dizia que a humanidade atingiu o ponto de sua existência em que os números fundamentais são dados em bilhões. Um dos exemplos usados era o número de indivíduos sobre a Terra. Atualmente, somos estimados em 7 bilhões de seres humanos, mas em 1810 éramos 1 bilhão. E, talvez, sejamos 10 bilhões em 2050. Será que caberemos?

Vivemos em um mundo de infinitas possibilidades, mas de recursos finitos. Uma dessas possibilidades é o manejo sustentável de áreas agrícolas e florestais. Isto pode ser alcançado pela constituição de grupos de produtores rurais nas regiões de floresta, que se comprometam com o serviço ambiental e sejam guardiães da floresta; no sentido real e sem qualquer visão romântica desta expressão.

Um dos grandes campos de discussão da atualidade, é a produção de alimentos, uma vez que esta está ligada à discussão ambiental. As extensões de terras produtivas também são finitas. A comunidade global tem revisto suas prioridades e chegou à conclusão de que o modo de produção atual é indiscutivelmente injusto. O planeta é devastado, as pessoas morrem de fome e os alimentos são desperdiçados.

A Ética Ambiental é um campo de estudo abrangente e que deve levar em consideração questões importantes como Alimentação, Geopolítica e Liberdade. É hora de uma abordagem definitiva desta Ética ser apresentada ao mundo. É necessária uma solução que seja capaz de atender às diversas demandas do mundo e  que aborde a causa ambiental, solucionando a questão social e suprindo a demanda econômica.

É hora de o mundo conhecer o Brasil Mata Viva.

Contribuição de:
Alex J. Simiema. Vice-presidente da BMTCA Sustainability Exchange.